MUNTU CAIKIPE CHIÁ UCUEZA CUNHIMA

Jp Santsil
1 min readDec 14, 2019

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Ainda sinto os chicotes no meu corpo
Os gritos apavorados do meu povo
O eco das chibatadas ouço ainda no pelourinho
O sofrimento e o lamento do meu povo no moinho

Lembro-me de ouvir as vozes dos capitães-do-mato
Ferozes pelas matas vão esvoaçados
Fecho os olhos clamando por meu eledá Rei das Matas
Oxossi Guerreiro me livre do tronco e das chibatadas

Ainda sinto as dores dos meus antepassados
Que na África foram reis e no Brasil escravizados
Povo maltratado, humilhado e injustiçado
Que de geração em geração ainda carrega esse fardo

Sinto no meu sangue o poder do povo negro
A vontade de justiça e a posição de um guerreiro
Sinto que a beleza não depende de uma cor
Mas sim, de uma consciência que só o negro da valor

Sinto que sou negro e carrego uma herança
Sinto no meu sangue uma grande esperança
Esperança que um dia veio de um negro na senzala
Que sonhava em ser livre e que seu povo imperava

Sinto que o meu povo ainda vai imperar
Como impera até hoje nas falanges os Orixás
Sinto que o bem é verdadeiro
E que o verdadeiro sempre vence

Sinto que vence!
Sinto que vence!
Sinto que vence!

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Jp Santsil
Jp Santsil

Written by Jp Santsil

Onde me manifesto… sou como o entardecer, onde o vento passa ao silêncio da morte e as árvores vibram ao ver passar. Se não me manifesto… no nada tudo serei.

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